Família 2.0: a diversidade no núcleo

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Maio sempre foi mês das noivas e das mães. O que teria de novo agora, então? Não há exatamente UMA novidade, mas uma sequência de acontecimentos que nos convidam a repensar a construção da família e suas práticas. Não vim aqui dizer que a família é uma instituição falida, arcaica ou coisa semelhante. É justamente o oposto. A psicologia e a sociologia, entre outras ciências, já provaram o papel vital que tem esse núcleo.

No formato clássico, seria uma formação de grupo simples, surgida de duas pessoas que geram ou adotam descendentes. O que vemos agora, no entanto, não tem nada de simples. São casais, trios e grandes grupos pleiteando a denominação “família”. Isso implica pedir que toda a sociedade os entenda, considere seu apelo e mude suas estruturas mais básicas para abrigar novos conceitos, inseri-los social e legalmente. Estamos prontos pra isso? Queremos estar?

No Brasil, o STF considerou que o conceito de família, presente na Constituição, era meramente ilustrativa ao se referir à composição por “homem e mulher”. Ou seja: a  família existe para além dos muros da quantidade de pessoas, genética e gênero dos envolvidos – e seus direitos estão garantidos, quer sejam culturalmente aceitos ou não. Temos de aprender a conviver com a diversidade, pois ela bate à nossa porta, aparentemente sem ser convidada, e nos incita a olhar para as bases de cada preconceito e máscara que desenvolvemos ao longo de uma vida toda. A mudança, meus caros, é inevitável. Com ela, geralmente vem o receio, o conflito e por fim, o consenso. [Será?]

Recentemente, até o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) mudou para atender às descobertas sobre a primeira infância – como ela é poderosa ao moldar o caráter da criança, sua capacidade de aprender e interagir com o mundo, o que ela irá se tornar quando for adulta. Estatutos, normas e convenções têm se rendido ao conhecimento que nossa era propicia. Aliás, esse é o maior desafio de nossa geração: internalizar o que é bom e rumar para a direção certa, sem nos perdermos pelo caminho.

Como na primeira infância, ainda estamos “engatinhando” no que diz respeito a nós mesmos, nossa individualidade manifesta em pluralidade dos estilos de vida, famílias, tipos de amor. A mim parece que tudo isso deriva de um ponto apenas: a imensidão de potencialidades de cada ser humano. Queremos sempre algo, nunca declaramos o ponto final quando ainda podemos nos transformar. A quantidade de mudanças, a ponto de nos fazer divergir tanto, mostra apenas o nosso ponto de convergência, o que temos em comum e de melhor: a busca.  Constante, incessante, ela faz nos mobiliza, mostra toda a garra que temos (e que talvez desconhecêssemos), aplicada ao que acreditamos e o que nos faz feliz. [E porque essa divagação é importante no assunto? Ora, ao saber o que nos torna semelhantes, é mais fácil ter empatia e optar pelo consenso. Quem sabe assim, conseguiremos traçar objetivos vislumbrando o que realmente importa…]

Deixo várias lacunas neste texto, pois o assunto me parece inesgotável até o momento. Mesmo assim, prometo desenvolver aos poucos os inúmeros pontos de interrogação que pairam sobre as cabeças que o leem (inclusive a minha). As descobertas veem aos poucos, junto com as novas situações, a diversidade de questões, abordagens e opiniões que ainda estão por vir.