Corpos perfeitos não me satisfazem

Se o desejo e a satisfação estão muito além do visual, não deixe que sejam calados os apelos de outros quatro sentidos

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Ver e querer faz sentido, sim. Queremos rostos e corpos lindos, cobertos ou semi-nus, tanto faz se o que esconde as delícias é um véu transparente ou uma burca. Mas não só. Há os prazeres do olfato, a audição, o tato o e o paladar, que também gritam pelo seu lugar, por mais atenção. Não é à toa que ficaram conhecidas as expressões “cair de boca”, “cheirar o cangote” e que “o ponto G da mulher fica no ouvido”, que são utilizadas em vários sentidos, apesar de serem bem sugestivas para o significado original.

Sentir o calor, a textura, o efeito de diferentes intensidades/força em cada momento. Quem lê já deve estar imaginando alguma cena, puxando algo da memória que tenha ficado marcado pelo prazer que isso dá. Claro! É o tato mostrando a que veio. E a boa notícia é: pra ter isso nem precisa ver muita coisa – temos carta branca pra fazer de luz apagada.

Sabe aquela vontade irresistível de beijar, lamber, morder? Pois é! Meus(inhas) caros(as), este é o paladar. Façam bom uso dele e todos agradecem – inclusive você. E o cheiro? Quem nunca se encantou com o perfume de alguém? Quem nunca se lembrou de outra pessoa ao sentir um aroma familiar? Isso sem falar naquilo que a voz profere (não apenas palavras, como sussurros, gemidos, respirações arfantes), que só fazem sentido pra os envolvidos e que têm significados mil.

Agora que já lembrei a vocês dos sentidos [injustamente] esquecidos, volto ao ponto principal: Esse jogo entre ser e parecer cai por terra quando não há mais como usar máscaras. Roupas, maquiagem, pose e status não valem nada na prova final entre quatro paredes. É ali que as vontades mais escondidas se revelam – e as capacidades também. Quem nunca ouviu aquela frase “Mas o que ele(a) viu nela(e), sendo um(a) tão bonito(a) e outro(a) feio(a)?” Bommm… Acho que agora está explicado! E daí se um dos dois não tem o corpo que tentam lhe impor como bom/interessante?

Um ideal sem motivos não se sustenta – seja de beleza, de comportamento ou status. O que é bonito na novela, revistas, etc., não me basta. É preciso mais que uma boa maquiagem [no caso delas], corpinho de quem “puxa ferro” [no caso deles] ou meia dúzia de suplementos para convencer sobre quem vale a pena. Engraçado notar que quem busca a “perfeição”se esquece que não sabe o que a palavra significa para si e qual seria a aplicação para a própria vida. Em outras palavras, se perguntarmos a alguém que “compra” o ideal de mulher/homem perfeito(a), é bem possível que esse(a) não saiba explicar o que é perfeição e qual é o sentido de buscá-la.

Essa perfeição sem graça, sem gosto, sem som e sem paladar não me pega tão fácil. Sou muito mais o pacote completo com mais a oferecer. E isso porque estamos falando apenas da parte física da questão. A inteligência, o comportamento e a educação são, com certeza, altos atributos a serem levados em conta na escolha de um(a) parceiro(a) – mas isso já é assunto pra uma outra conversa…

…Beijos e bom proveito em tudo o que os seus sentidos permitirem!